sábado, setembro 24, 2005

di vagar

As coisas também fazem saudade entre si. A luz quando chega, deixa saudade no escuro. O escuro sente saudade daquela parte de escuro que virou luz. O barulho quando chega deixa saudade pro silêncio, o silêncio sente falta daquele pedaço de silêncio ocupado pelo barulho... mas o silêncio tb faz saudade quando invade a música... aquele pedaço de música em silêncio sente o vazio de não encontrar seu pedaço de música...
Tudo tem saudade e deixa saudade. O corpo tem saudade do outro corpo. Essa saudade chama-se “entre”. O entre tem esse nome estranho que quer dizer intervalo, mas também pode ser um chamado: “entre”! e então a saudade despede-se... e entra a extensão...
Alguém disse: “saudade é sempre saudade de casa”... e o que é a casa senão aquele território onde ocupamos com nossos devaneios e invenções? Portanto, o prego tem saudade do buraquinho do quadro, que é sua casa, sua morada, sua pequena tentativa de ser o mesmo, por alguns momentos;
E a casa tem saudade da infância...

quinta-feira, setembro 15, 2005

múltiplo

se ir embora não fosse uma saída,
não existiriam dois lugares. mas precisava existir tantos?
(alguém me diz pra onde devo ir?)

obs

qualquer lugar
que faça a função de gente.
por favor.

sexta-feira, setembro 09, 2005

.ser tão pouco ser.
.ser doer.
.se der.

domingo, setembro 04, 2005

os pe(n)sares

nos devaneios noturnos sempre acabo achando que acho em meu pensamento algo de muito original...
repito diversas vezes, até que pareça estar gravado.
de manhã, lá vem o pensamento, bobo, pequeno, óbvio:
" o 'eu' pode ser como uma foto desfocada"...
e lá tá a imagem, na minha parede...

sábado, setembro 03, 2005

almoço

O pai disse, tentando convencê-la de que era ela que não gostava de nada:
- o problema não são os lugares, o problema é a gente...
E ela:
- o problema é que a gente sempre vai junto quando a gente muda de lugar...