eu me despeço das minhas companhias:
as montanhas,
o rio isére,
a ponte,
o sebo onde encontrei os diários de Anaïs Nin,
as ruelas,
a biblioteca do centro (onde habitam os loucos libertos
dos hospitais no maio de 68, mas ainda não aceitos nas
bibliotecas universitárias);
eu me despeço da despedida;
me despeço da descoberta da solidão e
da descoberta de que eu posso amar as
situações e as paisagens na falta de pessoas;
eu posso amar Nin,
porque eu a escuto contar para mim
seus pensamentos;
eu posso amar Maupassant e
o barulho de seus pés pisando as pedras de Etretat;
entre eu e o mundo,
um vasto caminho feito de paisagens;
que eu posso amar e conversar.
me despeço, dessa vez, consciente
da troca.
montanhas por?
alergia ou alegria?
uma letra que muda de lugar
elle se déplace
deixando para mim
alergia e alegria
entre uma despedida e outra, 15 anos.
são elas que sempre permanecem,
caladas, insistentes, a me esperar.
montanhas de grenoble
e de minas gerais.
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