Quando falo de vaga,
Por mais que digam que ela é espaço e por isso é cheia,
Falo da vaga do vazio.
E quero falar desse vazio da forma,
Da sombra,
Do cheiro,
Por mais que estes constituam espaços
Quero falar do não – lugar que estes lugares são.
O não – espaço que os espaços tornam-se
O que que há na vaga?
Não há nada que preencha matericamente,
Apesar de o sentimento de vazio ser concreto,
Ser um bolo de massa rígida,
Endurecida e acomodado no dentro.
Porque a vaga é o próprio vazio de suas bordas...
É como o tempo vazio, sem acontecimentos...
Na movimentação de instantes criando novos...
Mas isso é bobagem.
O novo se demora no mesmo...
A espera também é vaga e divaga...
E tem muito de eu no vazio de tudo.
O vazio da vaga abriga vazios de eus cheios de si.
Aquilo que carrego, uma estante cheia, é vazia.
Em seu desequilíbrio, na ilusão das coisas que podem cair...
Não caem porque não existem...
Quero carregar armários de costas.
Não quero ver seu-vasto-vazio-meu.