
domingo, junho 20, 2010
terça-feira, junho 15, 2010
domingo, junho 13, 2010
Porto Alegre a pé
1) Dos gostos: Passa pela quitanda, lá, entre as laranjas, o “céu é bem doce”
2) Da fé: As pessoas foram despejadas do paraíso, mas entraram mesmo assim no reino de deus, que em frente à saída ficava. O reino de Deus, diz na porta, é para os que cansaram de sofrer. Se se paga por luz, e mesmo assim se é despejado do paraíso, porque não pagar para parar de sofrer?
3) Do medo: A cidade vira-se de costas para o rio. Rio-lago. Faz frio. A beira de qualquer água dá para o que não sabemos. Ainda como antigamente. Quase nada sabemos sobre as águas. A cidade virada de costas para o rio protege-se do inusitado.
4) Do amor: Há paredes que moram dentro de janelas. Através delas, das janelas, os tijolos das paredes observam de pé os tijolos das calçadas deitadas.
segunda-feira, junho 07, 2010
domingo, junho 06, 2010
sexta-feira, maio 28, 2010
palavras para acompanhar nascimento
dos abismos II
"tememos a morte, sim. mas nenhum medo é maior do que aquele que sentimos da vida cheia, da vida vivida a todo peito."
mia couto
antes de nascer o mundo
pra continuar a conversa que tenho sem nem mesmo saber com a aniversariante do dia
por Talita Tibola
de outono a me lançar resquícios cintilantes.
Não tive dúvida nenhuma:
eram poeiras nostálgicas da menina cósmica a
iluminar minha vida.
quinta-feira, maio 27, 2010
incorporando alguns elementos à consideração barthesiana sobre estar vivo
logo existo
(com a ajuda de um amigo)
segunda-feira, maio 24, 2010
quarta-feira, maio 19, 2010
Com Vargas Llosa
Preâmbulo
Os cachorros fogem da tentação do impossível e encontram sempre uma impossibilidade repleta de pequenos possíveis. Na dúvida, comece pelas coincidências. O resto acontece.
Sobre vargas llosa poderia se chamar a vagarosa. Anos que quero. E agora? Por onde começar? Ou por onde continuar? De onde parei. Numa palestra sobre escrita, quem falou o nome Vargas Llosa? Lembro só que anotei, e se anotei, eu queria. Vou atrás de onde. Em quais anotações procurar? As de antes do ano passado com certeza. Do ano retrasado para trás. Assim não vai dar. A vagarosa. Deixou o tempo passar e ficou só o nome Vargas Llosa ecoando, ecoando, ecoando, vagarosa. Melhor continuar indo ao que interessa. Um livro dele. Não importa como o quis, mas como farei para tê-lo. Um livro inteiro devo ler. Essa é a regra que acabo de criar. E é assim que vou sabê-lo. Assim e somente assim. Por este único livro. Página por página. Este será Vargas Llosa para mim, a vagarosa. Agora é fácil. Nem tão fácil. Não, nada fácil. Que único livro será esse. Penso. Não conheço nenhum. Conheço, deve estar anotado, mas já tirei do caminho a possibilidade da tentativa de relembrar algo anotado. Uma vagarosa demora o suficiente para esquecer o que estava a procurar. Estratégia do rápido, para não perder o fio da meada, para não perder as vagas horas: Vargas Llosa mais perto é o da rede. E lá diz: ingressar. Posso entrar? Como escolher a obra sem abrir? Como entrar? Pelo nome. O nome que me chama: “a cidade e os cachorros”, cachorro combina com Vagarosa. Cachorro é vagaroso quando o interesse é preambular. Até para arrimar-se vai que vai, cheirando, arrastando, encostando. Talvez goste mais do preâmbulo que do deambular. Mas vamos lá que a regra foi adentrar, e disso de focar, cachorro também sabe e vagarosos fingem não saber mas, se você olhar direito, os vagarosos sabem bastante sobre caminhar. Claro que muito mais que sobre chegar. E nessa de caminho devagar querendo despistar, foge da regra e de repente decide espiar, como qualquer um que vai devagar espia, ou justamente vai devagar para espiar, e como um canino farejante espiante, acho um ensaio que vagarosamente faz abandonar, ou seja, desarrimar dos Cachorros e me leva para “La tentacion de lo imposible”. Pronto. Devagar fugiu da regra de um único Vargas Llosa, deixou os cachorros para trás (e talvez vagarosa tenha corrido um pouco e se adiantado para fugir dos cachorros) e o que encontrou? O preâmbulo do impossível: a tentação. A tentação é a carona dos que caminham devagar. Essa leva. Arrasta. Arrima por arrebatamento. É esse Vargas Llosa que eu quero. Até onde ele pode me levar nessa velocidade? É ensaio, leio. Aí não posso arrimar-me. Não por agora. E o nome já dizia dessa impossibilidade. Acho que gosto necessariamente em primeiro lugar dos preâmbulos, as tentações, que me jogam pra fora novamente da carona. De novo caminhar, de novo esticar o braço, novamente arriscar. Arriscar arrimar. Neste risco decido: o livro que encontrar na livraria mais próxima: “travessuras da menina má”. Gosto quando no título encontro qualquer coisa de meu. Não são as travessuras, neste caso> mas o Ma. Um apelido. Que é um nome. O meu nome pode ser o ponto de partida para uma pesquisa sobre qualquer coisa, já dizia o cineasta Alain Berliner. Convenceu-me. Viro o livro. Na contracapa o nome da personagem: lilly. Outro nome meu. É este aqui. Quanto tempo levarei para conhecer o meu Vargas Llosa?
De vagarosa para Vargas Llosa, foi-se uma folha.
terça-feira, maio 11, 2010
das suavidades IV
paradoxo é quando olhamos para os objetos do mundo e,
obsessivamente,
freqüentemente,
cotidianamente, passamos a nos perguntar:
como seria se?
sexta-feira, maio 07, 2010
quarta-feira, maio 05, 2010
das suavidades III
Poderiam ficar horas falando e ouvindo sobre todas as palavras que ficaram guardadas naqueles anos passados.
Mas horas não seriam suficientes. Precisariam de dias, meses, anos.
E se vivessem juntos, até morrerem, ainda assim não seria suficiente.
Acharam então que talvez não fosse necessário.
Mas não sem arrependimentos.
é a tentativa que faz uma vida.
o arrependimento é uma tentativa fora do lugar.