sábado, julho 03, 2010
Um convite para compartilhar estrelas

A exposição Proposição para construção de mar e céu de estrelas, que acontecerá em novembro na Sala Dobradiça, convida a todos a enviar suas estrelas para a construção de um céu de papel.
Proposição para construção de mar e céu de estrelas nasceu da mistura de dois projetos: Um céu cheio de estrelas – ação poética proposta por Mayra Martins que desde 2008 recolhe desenhos de estrelas feitas em pedaços de papel para a construção de um céu de papel cheio de estrelas feito por diversas pessoas – e Só por ora um mar sem orla – como Talita Tibola chamou o conjunto das ações dispersas que envolviam as suas poesias.
Um céu cheio de estrelas procura fazer encontrar riscos feitos pelas mais diversas mãos costurando um céu de papel composto por pequenos universos distantes. É obra em rede que pretende habitar os diferentes tetos: teto de quarto, de galeria, de ponte…
Só por ora um mar sem orla fala de não estar nem aqui nem ali, fala de passagens e das pequenas moradas que construímos ao simplesmente passar.
Construir um mar como “ponto de repouso”, parecia o que o céu estava a esperar.
No processo para a materialização de duas pequenas imensidões, as duas propositoras, fisicamente distantes, procuram se encontrar e acabam encontrando Pedro Filho Amorim, músico e poeta que mora também distante, na Bahia, e que gosta dos jogos sonoros e palavreiros. O céu de estrelas e o mar sem orla, ao encontrar Pedro e seus acasos, encontraram também um jeito de construir um horizonte sonoro, delineado na escassez de informações, como o horizonte que é o fim ilusório do mar e do céu. Do jogo das distâncias entre Porto Alegre, Rio de Janeiro, e Salvador, forja-se o encontro das estrelas encomendadas do céu com a orla inexistente do mar, na construção dos fragmentos enviados por Mayra e Talita e recebidos por Pedro.
Propondo construir céu de estrelas e mar onde nenhum dos três agora está, a proposição faz dessa ausência a sua própria existência, procurando colecionar encontros na distância.
O céu de estrelas aguarda suas estrelas para crescer. Para compor com a gente neste encontro de distâncias, mande suas estrelas rabiscadas em pedaço de papel para:
Mayra Martins Redin
Rua Vasco da Gama, 277, Ap 402, Bairro Bom Fim, Porto Alegre / RS, CEP 90420 111,
Ou
Talita Tibola
Rua Duque de Caxias 1495/402, Bairro Centro, Santa Maria/RS, CEP 97015-190
e
Rua Sá Ferreira, 227/802, Copacabana, Rio de Janeiro
Ou entre em contato pelo e-mail:
No dia 10 de novembro de 2010, mar e céu de estrelas se encontrarão na exposição Proposição para construção de mar e céu de estrelas, na Sala Dobradiça em Santa Maria.
segunda-feira, junho 28, 2010
domingo, junho 20, 2010
terça-feira, junho 15, 2010
domingo, junho 13, 2010
Porto Alegre a pé
1) Dos gostos: Passa pela quitanda, lá, entre as laranjas, o “céu é bem doce”
2) Da fé: As pessoas foram despejadas do paraíso, mas entraram mesmo assim no reino de deus, que em frente à saída ficava. O reino de Deus, diz na porta, é para os que cansaram de sofrer. Se se paga por luz, e mesmo assim se é despejado do paraíso, porque não pagar para parar de sofrer?
3) Do medo: A cidade vira-se de costas para o rio. Rio-lago. Faz frio. A beira de qualquer água dá para o que não sabemos. Ainda como antigamente. Quase nada sabemos sobre as águas. A cidade virada de costas para o rio protege-se do inusitado.
4) Do amor: Há paredes que moram dentro de janelas. Através delas, das janelas, os tijolos das paredes observam de pé os tijolos das calçadas deitadas.
segunda-feira, junho 07, 2010
domingo, junho 06, 2010
sexta-feira, maio 28, 2010
palavras para acompanhar nascimento
dos abismos II
"tememos a morte, sim. mas nenhum medo é maior do que aquele que sentimos da vida cheia, da vida vivida a todo peito."
mia couto
antes de nascer o mundo
pra continuar a conversa que tenho sem nem mesmo saber com a aniversariante do dia
por Talita Tibola
de outono a me lançar resquícios cintilantes.
Não tive dúvida nenhuma:
eram poeiras nostálgicas da menina cósmica a
iluminar minha vida.
quinta-feira, maio 27, 2010
incorporando alguns elementos à consideração barthesiana sobre estar vivo
logo existo
(com a ajuda de um amigo)
segunda-feira, maio 24, 2010
quarta-feira, maio 19, 2010
Com Vargas Llosa
Preâmbulo
Os cachorros fogem da tentação do impossível e encontram sempre uma impossibilidade repleta de pequenos possíveis. Na dúvida, comece pelas coincidências. O resto acontece.
Sobre vargas llosa poderia se chamar a vagarosa. Anos que quero. E agora? Por onde começar? Ou por onde continuar? De onde parei. Numa palestra sobre escrita, quem falou o nome Vargas Llosa? Lembro só que anotei, e se anotei, eu queria. Vou atrás de onde. Em quais anotações procurar? As de antes do ano passado com certeza. Do ano retrasado para trás. Assim não vai dar. A vagarosa. Deixou o tempo passar e ficou só o nome Vargas Llosa ecoando, ecoando, ecoando, vagarosa. Melhor continuar indo ao que interessa. Um livro dele. Não importa como o quis, mas como farei para tê-lo. Um livro inteiro devo ler. Essa é a regra que acabo de criar. E é assim que vou sabê-lo. Assim e somente assim. Por este único livro. Página por página. Este será Vargas Llosa para mim, a vagarosa. Agora é fácil. Nem tão fácil. Não, nada fácil. Que único livro será esse. Penso. Não conheço nenhum. Conheço, deve estar anotado, mas já tirei do caminho a possibilidade da tentativa de relembrar algo anotado. Uma vagarosa demora o suficiente para esquecer o que estava a procurar. Estratégia do rápido, para não perder o fio da meada, para não perder as vagas horas: Vargas Llosa mais perto é o da rede. E lá diz: ingressar. Posso entrar? Como escolher a obra sem abrir? Como entrar? Pelo nome. O nome que me chama: “a cidade e os cachorros”, cachorro combina com Vagarosa. Cachorro é vagaroso quando o interesse é preambular. Até para arrimar-se vai que vai, cheirando, arrastando, encostando. Talvez goste mais do preâmbulo que do deambular. Mas vamos lá que a regra foi adentrar, e disso de focar, cachorro também sabe e vagarosos fingem não saber mas, se você olhar direito, os vagarosos sabem bastante sobre caminhar. Claro que muito mais que sobre chegar. E nessa de caminho devagar querendo despistar, foge da regra e de repente decide espiar, como qualquer um que vai devagar espia, ou justamente vai devagar para espiar, e como um canino farejante espiante, acho um ensaio que vagarosamente faz abandonar, ou seja, desarrimar dos Cachorros e me leva para “La tentacion de lo imposible”. Pronto. Devagar fugiu da regra de um único Vargas Llosa, deixou os cachorros para trás (e talvez vagarosa tenha corrido um pouco e se adiantado para fugir dos cachorros) e o que encontrou? O preâmbulo do impossível: a tentação. A tentação é a carona dos que caminham devagar. Essa leva. Arrasta. Arrima por arrebatamento. É esse Vargas Llosa que eu quero. Até onde ele pode me levar nessa velocidade? É ensaio, leio. Aí não posso arrimar-me. Não por agora. E o nome já dizia dessa impossibilidade. Acho que gosto necessariamente em primeiro lugar dos preâmbulos, as tentações, que me jogam pra fora novamente da carona. De novo caminhar, de novo esticar o braço, novamente arriscar. Arriscar arrimar. Neste risco decido: o livro que encontrar na livraria mais próxima: “travessuras da menina má”. Gosto quando no título encontro qualquer coisa de meu. Não são as travessuras, neste caso> mas o Ma. Um apelido. Que é um nome. O meu nome pode ser o ponto de partida para uma pesquisa sobre qualquer coisa, já dizia o cineasta Alain Berliner. Convenceu-me. Viro o livro. Na contracapa o nome da personagem: lilly. Outro nome meu. É este aqui. Quanto tempo levarei para conhecer o meu Vargas Llosa?
De vagarosa para Vargas Llosa, foi-se uma folha.
terça-feira, maio 11, 2010
das suavidades IV
paradoxo é quando olhamos para os objetos do mundo e,
obsessivamente,
freqüentemente,
cotidianamente, passamos a nos perguntar:
como seria se?
sexta-feira, maio 07, 2010
quarta-feira, maio 05, 2010
das suavidades III
Poderiam ficar horas falando e ouvindo sobre todas as palavras que ficaram guardadas naqueles anos passados.
Mas horas não seriam suficientes. Precisariam de dias, meses, anos.
E se vivessem juntos, até morrerem, ainda assim não seria suficiente.
Acharam então que talvez não fosse necessário.
Mas não sem arrependimentos.
é a tentativa que faz uma vida.
o arrependimento é uma tentativa fora do lugar.